Pré Pocesso Musical

Maceió – AL, 09 de setembro de 2010.

Antes mesmo que o Cronograma dissesse “vai”, o suor insistiu a pingar no chão. Assim começou o processo (ou Pré Processo) do projeto Conexão Joana Preta para a montagem do espetáculo A Pensão de Joana Preta. O pretexto (pré-texto) pertence um dos Fulanos. Em cima disso, a Cia. Fulanos ih! Sicranos vem estudando para a construção dum novo texto, conservando o próprio enredo e o título, mas baseando-se na seguinte idéia: Qual o papel do artista na sociedade? Como nós artistas podemos ser mais úteis do que um peso de papel? Claro que o resultado será entregue em forma de espetáculo. Paralelo a isso, a preparação musical vem tomando rumo acima do imaginado. A preparação do canto com o Maestro Luiz Martins explora várias vertentes, cavando o erudito e o popular. Não só o canto, mas os arranjos das músicas, que se assemelha no propósito d’O Casamento da Filha do Retratista; um regional não-regional, mas desta vez o Nordeste tende a ser visto, só que não estereotipado como se imaginam ou se produzem. Porém, a construção do som do Joana Preta, assim como a construção do texto, é fruto de um processo totalmente diferente enfrentado pela Cia., tendo sempre alguém à frente pra arrumar a bagunça. Os exercícios de polifonia mesclando exercícios de corpo são executados e os resultados saem como um primor primário, e a cada passo sendo quebradas as barreiras da coordenação motora. Isto inicia a capacidade de chupar cana a assobiar. Tais exercícios são releituras feitas de outros exercícios elaborados por Ernani Maleta, que trabalhou com a direção musical do processo do espetáculo Ricardo III, do Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare, de Natal/RN. Esse processo foi acompanhado por alguns dos integrantes dos Fulanos após a residência artística que a Cia. fez na sede dos Clowns para manutenção de grupo, direção do espetáculo Contos de Cordel e elaboração do projeto Conexão Joana Preta. A partir daí a visão do processo de direção musical mudou, e a busca pela instigação aos instrumentos musicais cresceu. Tanto cresceu que a curiosidade vai além da visão externa dos instrumentos. Nós os abrimos, entendemos como funciona e criamos um laço afetivo com os mesmos; uma relação como outra qualquer. Sair da zona do conforto virou uma prioridade musical. A exemplo Fran Oliveira e Anderson Fidelis, que andam encostando (por alguns instantes…) o pandeiro e a sanfona, respectivamente, para voar em outros ares e mergulhar em outros mares. E por falar em “outros”, o processo do Joana está sendo acompanhado de “outros” projetos. Nesse mesmo período está sendo ministrada a oficina A Rabeca de Seu Nelson, projeto organizado pelo Núcleo – Desenvolvimento Sócio Cultural Nação Imperial. É aí que se justifica o “abrir para compreender o instrumento”. Esse projeto tanto oferece suporte para construir uma rabeca artesanalmente quanto ensina a tocá-la, na ilustre presença do grande mestre Nelson da Rabeca, de Marechal Deodoro/AL. Rabeca esta que irá compor a sonoplastia do espetáculo dos Fulanos. Ah, ela já tem até nome: Fulana. Nossa cara, não? A pesquisa musical está sendo satisfatória. E a aquisição de instrumento também. O que não nos deve faltar é vontade de encarar tudo sem medo, sem preocupação, e isso se encaixa em uma das expressões que Fernando Yamamoto, dos Clowns, costuma usar: “Tem que meter o pé na jaca mesmo”. Meter o pé na jaca com responsabilidade nos estudos e com propósito, se aprofundando na pesquisa da música direcionada para a cena. Estudar e estudar, lembrando sempre que não precisamos ser virtuosos instrumentistas para tocar em cena. Além do mais, os virtuosos também estudam. E como diz também o sanfoneiro Tião Marcolino: “A Música é infinita”.

Anderson Fidelis.

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